Blog Tataguaçu: História das eleições de Queimadas II

1962 - A primeira eleição em Queimadas

Quando Queimadas ganhou sua independência política, os dois grupos já citados entraram de cabeça na disputa. Disputa que já se iniciou com a indicação do prefeito interino, ou seja, o homem que iria comandar o município até as próximas eleições a serem realizadas em 07 de Outubro de 1962. O primeiro indicado fora Lourival Barbosa, dono do Cartório do Registro Civil e primo de Dulce Barbosa.

Lourival (foto a esq.), porém, ficou pouco tempo a frente da prefeitura - alguns dias, e logo renunciou, assumindo em seu lugar José Maria Ribeiro, dono do Cartório de Notas, primo de Vital do Rêgo e adversário de Dulce Barbosa. Ver-se que aí já existia uma disputa política mesmo antes do pleito.

A primeira eleição ocorrida em terras tataguaçú foi uma das mais memoráveis já registradas por essas bandas. Apresentou-se para a disputa Dulce Barbosa, nome queimadense ligada as mais tradicionais famílias do lugar, com parentes em todas as localidades e líder política do Município há um bom tempo. Dulce que, inclusive, não era favorável a emancipação. No outro lado estava Veneziano Vital do Rêgo, nome de Campina Grande ligado a Queimadas onde tinha familiares, propriedades, amigos e eleitores. O Major, como ele era mais conhecido, já havia sido Deputado Estadual em Pernambuco e candidato a prefeito da Rainha da Borborema.

A candidata Dulce contava com dois apoios importantes: o de Argemiro Figueiredo, o grande líder campinense de seu tempo e o de Severino Cabral, o prefeito de Campina Grande de então. O Major Veneziano (foto a dir.) não ficava atrás em termos de bases, era avalizado por Pedro Gondim, o governador do Estado no período e por Zé Maria, o prefeito interino, portanto, a máquina.

Veneziano começou com franco favoritismo, mas seus métodos de fazer política que lhe deu a fama de um homem duro, deixaram a população local receosa e isso fez a candidatura de Dulce Barbosa (foto a dir.), figura feminina e por si só, antônima de seu concorrente, ganhar corpo e ela venceu o pleito, que só foi definido na última urna.

Outro fator a ser destacado na eleição de 62 foi à violência registrada durante a campanha, no dia da eleição e nas apurações, com ameaças e ensaios de agressões, tentativa de fraudes e roubos de urnas, insultos e achincalhes pessoais. Ficou célebre na cidade a ação de um cidadão que aos berros afrontavam os eleitores de D. Dulce, ferindo-lhes a moral de homem: “que já viu votar em quem mija de cócoras” (o grifo é nosso). Tempo de soberba e de muito preconceito. O Exercito foi chamado para dá segurança e, só assim a pleito ocorreu.

VOTAÇAO PARA PREFEITO

Dulce Barbosa = 1.050 votos (PTB) – eleito.

Veneziano Vital = 979 votos (PDC).

Obs.: Nesse pleito também houve eleições para o cargo de vice-prefeito.

José Camões = 1.018 votos (PTB) – eleito.

Raimundo Montenegro = 936 votos (PDC).

Eleitores cadastrados: 3.036 eleitores.

Votantes: 2.029 eleitores.

VEREADORES ELEITOS

José Ribeiro (PDC) = 313 votos.

Severino Amaro (PTB) = 179 votos.

Severino Barbosa Maia (PDC) = 175 votos

Antonio Monteiro (PTB) = 145 votos.

José Fco. Bezerra (PTB) = 130 votos.

José Tavares Filho (PDC) = 107 votos.

Evilázio Tenório (PR) = 104 votos.

Diferenças entre os primeiros colocados PARA PREFEITO:

Em números absolutos de votos: 71.

Em termos percentuais: 3,6%.

Sr. Lourival Barbosa, 1º prefeito de Queimadas, em foto dos anos 90.

Evilázio Tenório, 1° a direita, camisa xadrez, foi homem do rádio em Campina Grande antes de ser vereador em Queimadas.

Nesse pleito verificou-se uma curiosiodade histórica, o empante para vereador na útima colocação: Evilázio Tenório e Severino Araúvo tiveram 104 votos cada.